Decidi telefonar ao meu ex depois de três anos de silêncio. Achei que era a altura certa para nos dar o encerramento adequado que nunca tivemos.
Separámo-nos de uma forma estranha e nunca conseguimos seguir em frente. Durante três anos, não saí com mais ninguém. Ele teve relações que recusou-se a rotular porque ele usava aquelas raparigas para descarregar a tensão e acalmar a raiva que tinha depois de termos acabado.
Até que ele encontrou uma rapariga que o fez esquecer-se de mim - ou foi o que eu pensei no início.
Eu nem sequer tinha o número delePedi ao nosso amigo comum que me desse o número dele. Queria ligar-lhe e falar sobre o que tínhamos tido.
Queria que ele me dissesse porque é que estava sempre zangado e porque é que não conseguíamos resolver as coisas.
Então, liguei e ele deixou tocar. Nessa noite, ele não atendeu e eu desfiz-me em mil pedaços. Pensei que ele ia ficar contente por saber notícias minhas - as emoções já deviam estar a arrefecer.
O meu telefonema não foi atendido e eu fui dormir a bater-me por pensar que significava alguma coisa para ele. Eu estava magoada.
O meu coração ficou partido mais uma vez e o meu ego... bem, o meu ego ficou devastado. Pensei que me sentiria melhor se dormisse.
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Na manhã seguinte, os meus sentimentos eram os mesmos da noite anterior. Odiava-me por ter telefonado.
Odiei-me por pensar que ele ainda sorriria ao ver o meu nome no ecrã do seu telemóvel. Bem, ele estava a sorrir, mas acontece que eu liguei no momento errado.
A noiva dele tinha o telemóvel e não gostou da minha chamada. Foi por isso que ficou sem resposta.
Assim que teve oportunidade, escreveu-me uma mensagem. Senti que ele estava zangado, mas ao mesmo tempo feliz. Era isso que fazíamos um ao outro.
Ele ficou contente por ver o meu nome no ecrã do telemóvel, mas ficou muito zangado por só o ver ao fim de três anos. Eu não tinha explicação para isso - embora não fosse como se o meu telemóvel tivesse morrido por causa das chamadas perdidas dele.
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Foi a conversa mais embaraçosa que tive até deixar de o ser. Assim que a raiva se desvaneceu, entraram as emoções felizes. E Deus, era tão bom lembrarmo-nos do que tínhamos.
Falámos durante quase uma hora até que ele decidiu fazer 112 quilómetros para me ver. Já era noite. Estaria a mentir se dissesse que tinha previsto isto, mas também estaria a mentir se dissesse que estava surpreendida.
Costumávamos fazer coisas loucas como essa um pelo outro. Não havia maneira de o convencer a não o fazer, por isso fui na onda.
Ao princípio não acreditei que ele tivesse percorrido aquela distância toda só para me ver. A certa altura, pensei que ele estava apenas a brincar comigo. Mas não estava.
Nunca fomos nós. Eu estava tão nervosa, apesar de ter feito o meu melhor para estar o mais bonita possível.
Ambos sabíamos que não haveria mais nada para além da conversa nessa noite e, no entanto, eu tinha a necessidade de estar o melhor possível. Ainda não sei se foi por mim ou por ele.
No momento em que o vi, o meu coração parou. Não podia acreditar que era ele diante dos meus olhos. Era tão real e eu não estava preparada para isso.
Eu estava pronto e tive a coragem de lhe telefonar para falar ao telefone, mas ele teve a coragem de aparecer pessoalmente. Ele estava tão bem como sempre.
Não me surpreendeu nada - o que é que a tua ex vai fazer depois de uma separação para além de ficar mais bonita.
O meu primeiro instinto foi abraçá-lo e abraçámo-nos. Foi um abraço longo. Foi um abraço de duas pessoas que sentiam uma falta louca uma da outra.
Tinha o mesmo sorriso de sempre quando me via. Nada tinha realmente mudado. Não pensei que tivesse mudado, de qualquer forma.
Eu sentei-me no carro e ele levou-nos ao café fora da cidade. Era no cimo de uma montanha - longe de tudo o que pudesse fazer com que a nossa atenção se desviasse um do outro.
Éramos só eu e ele, e era disso que precisávamos naquela noite. Sentei-me ao lado dele porque sabia que ele estava aqui comigo - então porquê sentar-me do outro lado da mesa?
Começámos a falar. Era como se tivéssemos feridas com três anos de idade, como se nunca tivéssemos acabado.
Era tão real como se tivéssemos viajou no tempo mas algo no fundo da minha mente dizia-me que não era real.
Falámos durante horas. Não olhei para o meu relógio - nem uma única vez. O tempo era irrelevante. Era tão bom sentar-me ao lado dele para falar e falar.
Só para ficar ali a pensar no que teria acontecido se eu fosse um pouco menos eu e ele um pouco menos ele.
Disse-me como eu o tinha magoado. Disse-me que eu lhe tinha partido o coração ao escolher toda a gente em vez dele.
Disse-me que não conseguiu dormir em paz durante todos estes anos e que, sempre que fechava os olhos, me via.
Ele disse que encontrou uma rapariga que o respeita e que o faz sentir em casa. Ele disse que já não está zangado comigo.
Ele também disse que compreende porque é que eu fiz as coisas que fiz. Ele sabe que as coisas não podem mudar entre nós e que, nesta altura das nossas vidas, as coisas são demasiado diferentes. Ele disse que estava feliz por eu ter telefonado e que não acreditava no que estava a ver.
Ele nunca pensou em ver-nos sentados ao lado um do outro desta forma. E depois puxou-me para mais perto e abraçou-me. Eu pedi-lhe desculpa por tudo.
Disse que me tinha castigado e que tinha dito a mim própria para não ter mais ninguém ao meu lado por causa das coisas que lhe tinha feito.
Pensei que não merecia amor e que não queria deixar pessoas destroçadas para trás. Descobri que não posso amar porque não foi isso que me ensinaram na vida.
Ele disse que nunca amará ninguém como me amou e como me ama agora - independentemente do tempo que passe, da distância e dos quilómetros que nos separem.
Continuarei a estar no seu coração e a ser a sua pessoa preferida neste mundo. Ele sempre foi bom a amar-me.
Escolhia sempre as palavras certas mas, por vezes, optava por me castigar e deitar-me abaixo só para se sentir melhor.
Eu precisava de provar a ele e a toda a gente que Sou forte e sou independente. Depois, apercebemo-nos que nos amávamos numa altura errada.
Não podia dizer que o amava, apesar de o ter feito - apesar de o amar. Não o podia fazer porque ainda estou tão destroçada como estava antes.
Não o fiz porque sabia que nada mudaria ao dizer aquelas palavras em voz alta. Por isso, limitei-me a sorrir. Sorri porque não queria estragar o que ele tinha com outra rapariga.
Sorri porque sabia que, se dissesse que o amava, ele tentaria dar-nos outra oportunidade - e nós desperdiçaríamos essa oportunidade também.
Ele perguntou-me se eu casava com ele. Disse que deixava tudo num segundo e fugia comigo.
Ele esqueceria todas as pessoas da sua vida se eu decidisse ficar com ele. Mas não o podia fazer - tal como não o podia beijar. Sei que me vou arrepender daqui a uns anos, porque já estou arrependida.
Mas a rapariga com quem ele estava não merecia nada disto. Ele não merecia amarrar o resto da sua vida a uma pessoa tóxica como eu.
No sítio onde cresci, a frase "casei com alguém" tem um duplo significado. Um é que eu sou a pessoa que se casou e o segundo é que eu tornei possível que alguém se casasse.
Não, não fui eu que me casei. Não fui eu que me vesti de branco hoje. Foi a noiva dele. Ao dizer-lhe "não", tornei possível que ela lhe dissesse "sim" hoje. Foi assim que me casei com o meu ex.
Peço desculpa por não vos dar um final feliz. Não sou esse tipo de pessoa.