Está tudo bem, está tudo bem.
Não, de facto não é, mas vai ser.
As relações não são fáceis. Nunca são fáceis. As relações exigem compromissos. Requerem que nos alarguemos para o bem do outro. Pensei que tínhamos desenvolvido uma relação. Talvez a nossa relação fosse de facto uma situação.
Nestes últimos meses, passei de te odiar para sentir a tua falta e para te perdoar. É ridícula a quantidade de tempo que passei a tentar perceber o significado de tudo. Pergunto-me se já pensaste nisso. Somos tão diferentes. Como é que chegámos aqui? Porque é que a nossa relação evoluiu da forma que evoluiu?
Penso em como começámos. Selvagem, louco, no calor do momento, e depois continuou. Continuou até acabar. Fizemos uma pausa. E depois começámos de novo. Este era o nosso padrão. Durante semanas, meses, e depois um ano. Até que acabou mesmo. Nunca mais falámos desde então.
Todos os dias tenho um debate interno, perguntando-me se devo contactá-lo e dizer-lhe olá. Fico aterrorizada com o resultado. Ou me rejeitas ou voltamos ao ciclo vicioso que já passámos várias vezes. Por isso não digo olá, não estendo a mão, mas penso em ti. Pergunto-me se estarás a pensar em mim. Isso magoa-me. Estou convencida de que não pensas.
Tenho um forte desejo de estar perto de ti. Sinto a tua falta quando não te posso ver ou falar contigo. Penso em ti a toda a hora. Se tivesse de resumir tudo, diria que ainda te amo.
Se pudesse voltar atrás no tempo, não sei o que escolheria. Parte de mim acha que nunca devíamos ter começado. Parte de mim deseja que nunca tivéssemos terminado. Sinto a tua falta. Tornaste-te o meu hábito, a minha droga. Eu estava viciada. Falávamos diariamente durante horas. Partilhávamos histórias e falávamos dos nossos passados. Pensava que nos estávamos a conhecer. Sinto falta desse amigo. Eu inteligente, ou realista, ou com cicatrizes, apercebi-me que nunca fomos realmente amigos. E isso magoa.
Já passei por muita coisa. Vou poupar-me aos pormenores, mas faz parte de quem eu sou. Por mais que eu tenha superado tudo isso, é uma parte de mim. E é suposto ser contada. Por mim. Para curar.
Sou uma pessoa feliz. Tenho uma vida boa. Adoro a minha família. Adoro os meus amigos. Quando sou amigo de alguém, estou sempre a apostar. Infelizmente, baixei a guarda, apesar do meu instinto. Magoei-me... MUITO. Fiquei triste. Fiquei traumatizada.
A vida não é justa. Já ouviu isso antes - já o disse, é verdade. Não estou a dizer que os traumas emocionais me definem de alguma forma. Estou a admitir que se tornou uma parte de mim e que preciso de o aceitar como tal. Alguém me partiu. Isso não significa que eu seja fraco. Significa apenas que tenho um grande coração e que deixei entrar a pessoa errada.
Não devias ter mentido e dito que eu podia confiar em ti. Não devias ter mentido e dito que me amavas se não o fazias. Não devias ter brincado com as minhas emoções, inseguranças ou vida. Não finjas ser meu amigo se só pretendes usar-me e perder-me. Passaste meses a derrubar os meus muros de insegurança só para esmagar a pessoa que estava por trás deles.
Confiei em ti. Deixei-te entrar. Tu devastaste-me. Eu participei, sim. DIABOS, AGARREI-ME A TI. Pensei que eras meu amigo. Jogaste comigo e ganhaste. Depois foste-te embora. Deixaste-me a apanhar os cacos sozinha. Disseste, juraste, prometeste que não o farias. Nem consigo descrever a dor que a tua presença na minha vida causou. Vai assombrar-me para o resto da minha vida.
Perguntou-me uma vez, "Uma pergunta que sempre me ficou no ar foi se estás ressentido comigo ou se te envolveste comigo por causa da forma como as coisas aconteceram?"
Na altura, não fiquei ressentido contigo. Desejei em várias ocasiões poder voltar a ser esse ME, mas se o tivesse feito, teria perdido a tua experiência. Gostava agora de nunca ter caído nas tuas mentiras. Acima de tudo, gostava que as tuas palavras fossem verdadeiras. É difícil admiti-lo, mas sinto a tua falta.
Foste enganador. Sei que não posso ficar zangada com as pessoas por não sentirem ou se preocuparem com os outros como eu. Mas posso ficar zangada quando as pessoas dizem que posso confiar nelas, quando desde o início eu sabia que não devia.
Confiei em ti. Queria acreditar que eras bom. Queria acreditar que eras meu amigo, que te preocupavas e que eras quem dizias ser. Mas provaste-me que estava errado. Outra vez. E outra vez. E... outra vez. No entanto, eu não podia desistir. Algo em ti atraía-me e mantinha-me perto. Eu queria-te. Queria estar perto de ti e ser tua amiga. Queria ser aquela pessoa em quem te podias apoiar. Mas falhei. Falhei contigo. Falhei-me a mim. Porque nós não éramos amigos. Estavas apenas a usar-me.
Eu amava-te. Acreditei que também me amavas. Eu perdoo-te. Ensinaste-me uma lição que não esquecerei tão cedo. As cicatrizes que a nossa amizade me causou ficarão para sempre comigo. Sacrifiquei as minhas crenças. Sacrifiquei muito. Não faço ideia de como te sentes verdadeiramente. Talvez nunca venha a saber. Encaixota-o, cola-o e enfia-o onde quer que ponhas as coisas em que não queres pensar, preocupar-te, remoer. É isso que fazes. Eu sei disso. Sempre me enlouqueceu e sei que também te enlouqueci a ti. Nós somos quem somos. Não mudámos.
O meu maior medo é perder pessoas na minha vida. Já perdi tantas. As despedidas são difíceis e dolorosas. Partilhei tudo isto contigo e disseste que isso não nos aconteceria. Tínhamos investido demasiado, disseste que me amavas. Mentiste. Foste-te embora. E, tu não prestas. Não és uma boa pessoa. De todo.
A nossa relação/situação ensinou-me uma lição. Eu sou forte. Já o sabia antes, mas os acontecimentos confirmaram que posso ser levada ao meu ponto mais baixo de sempre e ainda assim recuperar. Voltei a acreditar em mim. Lamento ter demorado tanto tempo a perceber isto. Arrependo-me de não te ter excluído da minha vida depois de me teres encorajado a tomar a pior decisão de sempre.
Uma coisa destas nunca fica completamente para trás. Mas estou a tentar fazer o melhor que posso para seguir em frente, ser positiva e não ser a pessoa confusa que sei que sou se ficar a pensar nisso. Isso não quer dizer que não tenha dias em que esteja a pensar nisso, porque tenho mesmo.
Quero tanto estar zangada contigo. Esforcei-me tanto. Mas, dou por mim a defender-te. A nossa relação, ou o que quer que fosse, significava algo para mim.
por Gwen Kielman