Não precisavas de me fazer de parvo. Não precisavas de me mentir. Podias ter sido honesto desde o início. Afinal, se me respeitasses nem que fosse um bocadinho, dizias-me logo que acabou.
Esse desgosto iria doer muito menos do que a tua traição. Claro que ficaria zangada contigo, provavelmente ressentida por me teres deixado, mas tudo isso desapareceria com o tempo. Provavelmente enterrar-te-ia no meu passado e lembrar-me-ia de ti como um homem com quem costumava sair.
Não me lembro de ti assim agora. Lembro-me de ti como o homem que me partiu o coração. Um homem que me traiu.
Não queria viver na suspeita. Eu sabia que sempre que virava o telemóvel ao contrário ou o levava para a casa de banho, eu sabia que algo se passava.
Não queria confirmar os meus receios. Acho que foi esse o erro que cometi. Talvez não estivesse preparado para lidar com o facto Fui enganado. Não queria assumir o papel de otário numa relação, um tolo que foi enganado.
Por isso, fingi que não era nada. Não queria saber a quem estavas a enviar mensagens. Não queria saber porque é que não voltavas para casa do trabalho. Acreditei em todas as tuas emergências de trabalho porque escolhi acreditar. Mais uma vez, era mais fácil do que imaginar-te com outra mulher.
Não queria acumular mais problemas na minha vida. Não queria que a batota fosse um deles. Já tinha demasiados.
Quem me dera que acabasses logo comigo. Ficaria de rastos. Ficaria magoada, é verdade, mas é muito mais fácil acabar com isso do que viver o resto da vida sabendo que passaste tempo com outra mulher nas minhas costas quando era suposto estares comigo.
Eu poderia ter sobrevivido ao facto de teres encontrado outra vida com ela, talvez uma vida mais feliz, não sei. Teria esquecido as imagens de ti e dela ao fim de algum tempo. As memórias desvanecem-se mesmo, e com o tempo dói menos. Mas o facto de me terem mentido e de me terem feito passar por parvo é algo que não consigo esquecer.
Eu não assinei para ser um plano de reserva. Eu não queria ser a tua outra mulher. Quando me apaixonei por ti, decidi dar-te todo o meu coração. Decidi que seria para sempre. Sentia-me assim.
Mas não fizeste de mim uma prioridade. Fizeste de mim a outra mulher.
Eu devia ter sido a única e teríamos sido tão felizes. Só tenho medo que um dia olhes para trás e leias realmente estas palavras que estou a escrever e as compreendas.
Nesse dia, vais arrepender-te. Talvez até tentes voltar para mim. Mas eu não te vou deixar voltar ao meu coração. Vais ser lembrado como um homem que me traiu. Esse é o teu selo de agora em diante.
Não podes estar com duas mulheres ao mesmo tempo. Não podes estar comigo durante a semana e com ela aos fins-de-semana. Não podes abraçar-nos aos dois. Não podes ser beijado por duas pessoas diferentes. Tens de escolher.
Quando penso apenas no que pensaste ao escolhê-la em vez de mim, fico com náuseas. Teria sido muito melhor se me tivesses dito para ir embora. Se me mandasses uma mensagem a dizer que acabámos, doeria menos do que a ideia de teres pensado em escolher outra pessoa em vez de mim.
Quero estar com alguém que tenha a certeza de mim. Quero estar com o amor da minha vida que nunca pensaria sequer em substituir-me. Quero ser a primeira escolha de alguém, a prioridade de alguém.
Quer me traísse ou me deixasse, eu teria ficado magoada de qualquer maneira. Deixar-me dói um pouco menos. Podias ter-me dado isso. Podias ter fingido que te importavas e deixar-me ir porque não fomos feitos um para o outro.
Fez batota.
Maria Parker é também a autora do livro Her Way "Como superar um narcisista"