Quando se é uma boa pessoa, tende-se a projetar a sua "bondade" nos outros.
Tem esta tendência inata para observar as pessoas como sendo muito melhores do que elas e tende a esquecer as coisas más que lhe aconteceram.
Tendes a perdoar aqueles que vos fizeram mal e tendes a dar novas oportunidades sem parar. Continuas a escrever novos livros com as mesmas personagens de antes.
Por causa da pessoa que és, continuas a confiar nas pessoasSe não fores capaz de os amar, continua a dar-lhes todas as chaves para abrirem as portas que conduzem ao teu coração.
Muitas vezes esquecemo-nos de cuidar de nós próprios porque estamos demasiado ocupados a cuidar de todos os outros.
Nunca aprenderás, pois não? Nunca deixarás de usar o teu coração na manga, pois não?
Ficamos mesmo quando as pessoas nos mostram o seu lado feio. Quando vês as partes feias de alguém, não foges.
Decidimos amá-los ainda mais por nos mostrarem que são apenas humanos e continuamos a pensar que o nosso amor tornará os seus lados maus um pouco menos maus. Ficamos mesmo quando as coisas ficam difíceis.
Ficas mesmo quando a outra pessoa não te merece porque és crente. E não consegues deixar de acreditar que cada amanhã será melhor do que o dia de hoje.
És uma boa pessoa, mas o lado feio de ser uma boa rapariga é um pequeno facto que estás sempre a esquecer: vives num mundo cruel.
Vive-se num mundo e numa época cheios de pessoas tóxicas, cheias de narcisistas e egocêntricos que só estão à espera que alguém como você beba do seu copo.
Espera que os outros estejam lá para si quando precisamos deles, só porque estivemos sempre lá para eles.
Esperas que os outros não te traiam, só porque tu nunca os trairias.
És como o Capuchinho Vermelho, que esperava que um lobo não a comesse só porque ela não come lobos.
O que é que aconteceu da última vez que se partiu? Na verdade, não me digas, eu sei exatamente o que aconteceu.
Por uma vez na vida, precisavas de alguém em quem te apoiar. Precisava de alguém que lhe segurasse a mão e lhe dissesse que tudo ia correr bem.
Precisavas que eles abraçassem todo o mal de ti, tal como farias se eles precisassem de ti. Mas, "surpreendentemente", ninguém estava lá.
Deixaram-no sozinho para lidar com os seus problemas. Eles foram-se embora porque o que quer que estivessem a fazer era mais importante do que estar lá para a pessoa que sempre esteve lá para eles.
E o teu coraçãozinho ingénuo nunca previu isso. Pensaste que podias contar com eles, não foi? Infelizmente, não correu como planeado.
Ver aqueles que deviam estar lá a afastarem-se de ti partiu-te. Deixou-te de mãos vazias e sem palavras.
Deixava-nos a pensar no que tínhamos feito de errado e no que estava errado com eles também.
Sabes que deviam ter-te apoiado, que deviam ter-te perguntado como estavas, mas nunca fizeram nada disso.
E acabou por ser quebrado por outras pessoas, pelas suas próprias crenças e por não ver as suas expectativas satisfeitas.
Partiu-se por não receber em troca o amor e o carinho que tem dado de forma tão desinteressada aos outros.
Sei exatamente como me senti. Foi uma dor incomensurável. Ficámos magoados até aos ossos, chorámos um pouco e continuámos a questionar tudo.
Tentámos dar a outra face, tentámos ser rudes, tentámos afastá-los da nossa vida, tentámos ficar zangados, mas não durou muito.
Ficou zangado durante um dia. Odiou-os durante um segundo e depois tentou explicar o seu comportamento.
Fez deles vítimas de circunstâncias desconhecidas, quando a única vítima era você.
No entanto, decidiste que eles precisavam mais do teu amor e da tua bondade do que tu do deles. E então perdoou-os.
A pior parte é que vais esquecer qualquer coisa má que te tenham feito. Esquecerás tudo num instante.
E permitirás que aqueles que te magoaram, aqueles que te quebraram, voltem a entrar na tua vida.
Tu não és o tipo de pessoa que usa os outros. És aquela que continua a dar-se, que continua a disparar amor como fogo de artifício, apesar de estar partida por dentro. Tu não tens um osso mau no teu corpo.
Sempre que aquela voz fraca no fundo da sua mente tenta lembrar-lhe o quanto os outros o magoaram, você sacode-a e sorri como se nada tivesse acontecido.
Só que o teu sorriso é menos sorriso do que era antes. Só no teu sorriso e nos teus olhos consegues esconder o que te foi feito.
Mas abanamos a cabeça ao mais pequeno aparecimento de más recordações e sorrimos.
Voltamos a pôr o coração na manga e saímos a amar as pessoas, independentemente de elas nos amarem de volta ou não.
Damos uma segunda, uma terceira, uma quinta oportunidade e baixamos a guarda, esperando que desta vez seja diferente.
Continua a repetir os mesmos erros dia após dia. Mas não o poderias fazer de outra forma porque é assim que és.
Continuará a dar o melhor de si e eles continuarão a usá-lo e o seu sorriso ficará cada vez mais partido, mas nunca deixarás de sorrir.
Nunca aprenderás a ciência por detrás da maldade porque não és esse tipo de pessoa.