Eu sei que o amor é uma emoção. E sei muito bem que as emoções não podem ser controladas pela nossa mente.
Sei-o melhor do que ninguém.
Porque desde que me lembro, eu era alguém que seguia cegamente o seu coração. Eu era alguém que estava sempre a colocar as suas emoções à frente da sua razão.
E estava a fazer isto mesmo quando sabia que o meu coração não estava a fazer as escolhas certas. Estava a fazê-lo mesmo quando sabia que não devia estar a sentir algumas das coisas que sentia.
Em suma, os meus sentimentos foram sempre mais fortes do que tudo. Foram sempre mais fortes do que eu. E não havia nada que eu pudesse fazer ou quisesse fazer em relação a isso.
Foi o caso, sobretudo, do meu amor por ti.
A partir do momento em que me apaixonei por ti, perdi completamente o controlo sobre mim. O meu amor por ti consumiu-me e apoderou-se de mim.
E assim continuou durante anos.
O meu amor por ti foi a força mais forte da minha vida, mesmo quando eras a última pessoa que eu deveria amar. O meu amor por ti foi incondicional e inquestionável, mesmo quando me causavas dor e quando me fazias mal.
O meu amor por ti continuou a viver dentro de mim, mesmo quando te afastaste de mim e mesmo quando deixaste de me amar.
Não posso dizer que não lutei contra isso. Porque lutei de certeza.
Rezei a Deus todas as noites para que me mostrasse o maneira de não te amarpara me ajudar a esquecer-te e a seguir em frente com a minha vida. Rezei para que acontecesse um milagre, para que aparecesse nas minhas mãos uma varinha mágica que te apagasse para sempre da minha memória.
E depois apercebi-me-Eu não precisava de um milagre. Não precisei de uma força celestial para te apagar do meu coração e da minha mente.
Tudo o que eu precisava era de uma vontade forte.
Sim, os meus sentimentos por ti sempre foram profundos e fortes. Mas de certeza que não eram mais fortes do que eu.
Por isso, decidi que já era altura de deixar de perder tempo a pensar em ti.
Já era tempo de deixar de esperar que voltasses e de deixar de chorar por ti.
Já era tempo de te esquecer e de seguir em frente com a minha vida, tal como tu fizeste há muito tempo.
Já era altura de eu deixar de te amar.
E foi exatamente isso que eu fiz.
Não vos vou mentir-não foi nada fácil e não aconteceu de um dia para o outro. Não me esqueci de ti por magia. Foi um processo doloroso que durou muito tempo.
Mas o meu processo de cura começou a partir desse momento. A minha decisão de deixar de te amar foi o primeiro passo para a minha recuperação.
E foi aí que percebi que, durante todo este tempo, inconscientemente, não queria deixar de te amar. Era eu que ainda me estava a agarrar a ti e ao nosso passado.
Era eu que ainda te dava segundas oportunidades na minha cabeça, esperando que voltasses e que continuássemos de onde tínhamos parado. Na verdade, eu estava a dar-te as oportunidades que nunca pediste.
E tudo isso aconteceu por causa do meu medo.
Estava tão habituada à dor e estava tão habituada a que vivesses dentro de mim que tinha simplesmente medo de sair desta loucura. Por mais louco que isto possa parecer, eu tinha medo porque a minha dor e o meu amor por ti tinham-se tornado a minha zona de conforto.
Tinha medo porque não sabia o que faria de mim sem ti dentro de mim, sem pensar em ti, sem esperar que voltasses e sem te amar.
Tinha medo de enfrentar a vida real e o que restava dela sem ti. Tinha medo do meu futuro sem ti e pensei que agarrar-me a ti era uma opção melhor.
E tudo isso mudou no momento em que tomei a decisão de deixar de te amar.
Este momento ajudou-me a ver o quão forte eu era e ajudou-me a ver que eu era uma pessoa completa por mim própria.
Mas, acima de tudo, esta decisão ajudou-me a ver que eu era a única pessoa que tinha o controlo de mim própria.
E foi a melhor decisão da minha vida.