Continuam a perguntar por ti. É engraçado porque já passaram cinco anos desde que me deixaste. Eles assumem que eu segui em frente há muito tempo. Falam de ti, pensam que está tudo bem e depois voltam para as suas vidas perfeitas e felizes.
Sabes, eu sou muito bom a fingindo que estou bem. Sempre que ouço o teu nome, sorrio. Sorrio porque se pronunciasse uma única palavra, desfazia-me em lágrimas. O sorriso tornou-se um disfarce tão bom para mim.
Já se passaram cinco anos. Mas ainda te vejo à porta e a dizer aquelas cinco palavras que me partiram o coração num milhão de pedaços:
"Eu não te amo mais!"
As palavras ainda ecoam na minha mente e, por vezes, são tão altas que não tenho outra alternativa senão silenciá-las com o meu choro. Ainda me dói, sabes. Ainda me faz chorar.
Quando me partiste em pedaços, o meu coração doeu tanto. Queria tirar-te dele para que não me doesse. Era o quanto eu te amava.
Dizem que o tempo cura todas as feridas, mas nada mudou desde o dia em que partiste. Eras e continuas a ser o amor da minha vida. És o amor dos meus dias e das minhas noites. És o amor das minhas horas e dos meus minutos. Mas depois de ti, o amor tornou-se um assunto que prefiro ignorar. Eu queria tanto seguir em frente, mas não conseguia porque ainda estava agarrada ao que tínhamos antes.
As pessoas disseram-me que o tempo me ajudaria a curar. Como foi ridículo para mim agarrar-me a essas palavras. Elas deram-me força naqueles dias em que desejei morrer. Pensei que o tempo fosse tão poderoso para me ajudar a esquecer-te. Acreditava que o tempo seria o meu aliado. Ansiava por cada dia, querendo cada vez menos dor. Deus, como eu estava errada!
E agora, cinco anos depois, cheguei a uma descoberta dolorosa.
O tempo não curou todas essas feridas e toda essa dor que causaste. O tempo apenas as escondeu algures no fundo, no fundo da minha alma. O tempo apenas as transformou em explosões temporárias de depressão e lágrimas. Transformou-as em ataques de pânico e desamparo. Havia tanta dor que o tempo não podia apagar nem remover.
Se o tempo cura todas as feridas, então porque é que me sinto assim?
Porque é que sinto que tudo piorou?
Porque é que continuo a repetir tudo na minha mente?
Porque é que não me esqueci?
Quem diz que o tempo cura todas as feridas é um mentiroso de merda. Não importa quanto tempo passe, a dor ainda está lá. Não importa quanto tempo passe, nada fica mais fácil. Não importa quanto tempo passe, eu não fico mais forte. O trauma nunca saiu do meu coração. Continuo tão destroçado como estava há cinco anos.
Estou quebrado. O tempo desiludiu-me.
Começar do zero era impossível porque o meu passado seguia-me para onde quer que fosse. Não podia escapar-lhe. Era como um fardo que se tornou mais pesado com o tempo. Tornou-se mais pesado e está lentamente a entorpecer-me.
De vez em quando, há algo que me faz lembrar de ti. Uma canção. Uma imagem. Um sonho. Uma recordação. A dor ainda está dentro de mim e o meu coração ainda está a sangrar.
Mas não posso desperdiçar a minha vida à espera que chegue um momento melhor. Não posso desperdiçar a minha vida à espera que o tempo me cure. Porque o tempo nunca me vai curar. A aceitação sim.
Preciso de aceitar o facto de que a minha tristeza é real. O meu desgosto é real. Tu magoaste-me e eu não posso mudar isso. Não posso voltar atrás no tempo e impedir-te de me deixares. É o que é e eu preciso de o aceitar. Preciso de deixar que as minhas emoções me dominem. Preciso de aceitar a minha dor pelo que ela é-uma parte de mim.
É uma parte de mim que tenho de abraçar e aceitar. A aceitação é tudo o que é preciso para me curar.
E um belo dia, quando estiver curada e feliz, vou rir-me tanto que me vou esquecer que as minhas cicatrizes existiram.