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Eu amo-te, mas tenho de te deixar ir

Eu amo-te, mas tenho de te deixar ir

 

Querido "Amor Indestinado",

Lembro-me da primeira vez que nos encontrámos. Eu não gostava muito de ti. Era estranho. Não gostava de ti mas tinha uma necessidade insuportável de estar perto de ti.

Cada pequena coisa que dizias irritava-me. Cada pequena coisa que fazias, irritava-me. Mas mesmo assim, eu queria estar perto de ti.

Talvez essa devesse ter sido a minha primeira pista para não me meter contigo. Mas eu nunca ouço o que a minha vida tem a dizer. Se eu quiser alguma coisa, vou tê-la a todo o custo.

E eu queria que tu...

Então, apanhei-o...

Mas é uma loucura - nós estávamos mesmo destinados a ficar juntos. Éramos iguais, ouvíamos a mesma música, tínhamos os mesmos desejos e partilhávamos o mesmo sonho. Estávamos simplesmente destinados a ser - perfeitos um para o outro!

O único problema era eu.

Nessa altura, tínhamos a possibilidade de nos afastarmos um do outro se não concordássemos com alguma coisa. Nessa altura, não conseguias ver os meus defeitos e eu não conseguia ver os teus.

Éramos jovens e tolos, pensando que o que tínhamos era suficiente - pensando que era tudo o que havia para fazer. Mas, claro, não era.

Apercebemo-nos disso quando nos casámos e começámos a viver juntos. Foi nessa altura que começaram a surgir os verdadeiros problemas. Foi nessa altura que a vida real nos bateu com força, mesmo na cara. Foi nessa altura que aprendemos o que significa realmente ser adulto.

Ver também: Existem 5 fases do amor, mas infelizmente muitos casais param na fase 3

Percebeu que eu tinha alguns problemas. Caramba, eu apercebi-me que tinha alguns problemas. No passado, nada me teria feito ficar no mesmo sítio e com a mesma pessoa se eu não quisesse, por qualquer razão. Até este ponto - um ponto contigo - eu era capaz de fugir sempre que a minha psique de merda entrava em ação.

Desta vez não queria fugir, mas tive de o fazer. Algo, enterrado no meu íntimo, fez-me fugir, triste por te deixar.

Nunca me apercebi que punha sempre as culpas nos outros, quando era sempre eu. E enquanto tudo isto acontecia, eu tinha sempre o bilhete de saída - sem apegos e sem arrependimentos.

Mas agora tinha-te a ti. Eu amava-te. Ainda te amo. Mas não posso estar contigo.

Vou arruinar a tua vida. Impedir-te-ei inconscientemente de viveres o teu sonho porque sou demasiado egoísta. Tentei mesmo tirar isto da minha cabeça mas não consigo. Está a comer-me vivo e não consigo evitar. Tenho consciência disso e, no entanto, não consigo fazê-lo desaparecer.

Não consigo entender a velha alma que és. Quase ninguém te consegue entender. Mas não te estou a culpar. Estou a culpar os outros e especialmente a mim por ter uma mente tão estreita - por não ser capaz de apreciar a pessoa bonita que tu és. É por isso que tenho de te deixar ir, porque estou lentamente a arruinar a tua vida. Eu não quero isso.

Talvez um dia encontres alguém que saiba como agir à tua volta e contigo - alguém que saiba como te amar e não te causar dor ao mesmo tempo. Esse alguém não sou eu. Eu amo-te, mas o meu amor está a magoar-te muito.

Vejo-o todos os dias. Vejo-o na forma como se comporta. És infeliz. Nós dois somos. Amamo-nos, mas somos infelizes. Por falar em ironia...

Como é que uma coisa destas é sequer possível?

Meu amor, escrevo-te isto com lágrimas nos olhos e uma tempestade sem fim na cabeça. Perdoa-me, meu amor, por te causar dor; estava simplesmente a tentar amar-te.

Mas falhei.

Nunca deixarei de te amar. Eu sinto muito.

Adeus...