Meu amor, até onde chegámos.
Desde aquele doce casal que se apaixonou e quis passar todos os momentos juntos até isto. Desde aquele casal carinhoso que era o objetivo de toda a gente em termos de relações, até ao exemplo que toda a gente usa para o amor tóxico. Até onde chegámos. Mas é altura de seguir em frente sozinho; é altura de eu ir ainda mais longe. Mas sem ti.
Não te vou implorar que me sejas fiel. Algo que estavas tão feliz por fazer, algo que te sentias honrado por fazer. Estavas tão feliz por me ter ao teu lado que nunca olhavas para outras mulheres. Sentia-me o ser humano mais fantástico que alguma vez existiu porque tu me fazias sentir assim. Mas, sinceramente? Esse sentimento desvaneceu-se há muito tempo.
Não vou implorar-vos que me respeitem. Eu costumava acreditar que o respeito é natural numa relação. Eu respeitava-te, por isso assumi que me respeitarias também. E durante algum tempo, respeitou. Respeitaste as minhas escolhas, a minha carreira e tudo o que eu era. Respeitaste quando eu disse "não" e quando eu disse "tenho medo". Quando foi a última vez que me mostraste isso? Quando foi a última vez que respeitaste a minha decisão? Exceto esta, quando decidi ir-me embora. Neste caso, não tiveste escolha.
Não te vou implorar que fiques ao meu lado quando os tempos são difíceis. Recusaste-te a estar aqui quando tudo estava bem, por isso não tenho qualquer prova de que estarás aqui quando tudo estiver mal. Eu precisava de ti, sabes? Precisava de ti ao meu lado quando quase perdi o emprego. Precisava de ti ao meu lado quando o meu livro foi recusado. Precisava de ti ao meu lado quando a minha mãe estava no hospital. Mas tu estavas sempre tão ocupado, a lutar com os prazos, que nem sequer reparaste na minha dor. Nem sequer te preocupaste o suficiente para reparar como me estou a afastar. Como o meu amor se está a desvanecer no nosso quarto vazio e frio.
Não te vou implorar que me ames. Durante tanto tempo, esforcei-me tanto para te fazer ver como sou espantosa, como sou inteligente e bonita. Mas tu olhaste através de mim. Eu esforcei-me tanto para vos fazer sentir amadosNa esperança de que, talvez, me devolvas um pouco desse amor. Talvez finalmente me segures nos teus braços como costumavas fazer, me olhes nos olhos e me faças sentir amada ali mesmo, naquele momento. Sem palavras, apenas nós, apenas as nossas almas. Mas nunca o fizeste.
Não te vou implorar que me escolhas sobre os teus amigos, sobre o teu trabalho, sobre os teus medos. Porque é exatamente isso que o está a impedir. O teu medo de te comprometeres com alguém, o teu medo de te fixares apenas numa mulher para o resto da tua vida. Tens tanto medo de perder outras coisas, que nunca te apercebeste que estás a perder-me. E recuso-me a assentar, na esperança de que talvez tu voltes a aparecer. Recuso-me a ficar numa relação em que estou sempre a pensar quando é que te vais embora. Recuso-me a implorar-te que me escolhas, porque já o fiz. Já me escolhi a mim própria em vez de ti, do teu quase amor, do teu comportamento tóxico e dos teus medos. Não posso lutar contra os teus medos por ti, não posso lutar contra os teus demónios por ti. Mas posso lutar contra os meus por mim. Boa sorte, meu amor. Este é o último passo que estamos a dar juntos.