Nunca soube qual era a minha posição em relação a ti. A nossa relação era uma montanha-russa de emoções e não no bom sentido.
Não é que tivéssemos uma espécie de quase relação. Não, não tinhas problemas em rotular as coisas. Nunca tiveste problemas em chamar-me tua namorada ou em dizer que tínhamos uma relação.
Nunca teve problemas com a teoria - era a prática que lhe era difícil de realizar.
O que tu tinhas era um problema em ficar. Nunca saberei se estavas a fugir de mim desde o início ou se, na verdade, estavas a fugir de ti próprio durante todo este tempo.
Seja como for, o objetivo é basicamente o mesmo. Eras sempre tu que fugias e eu era sempre eu que te perseguia.
E nunca me disseste a tua despedida final. Porque sabíamos sempre que tínhamos alguém a quem voltar se não fôssemos felizes para onde quer que fôssemos.
E isso era verdade. Sempre me tiveste para onde voltar. Tinhas sempre o teu santuário, um lar acolhedor à tua espera, apesar de tudo o que fazias enquanto estavas fora.
Com o tempo, isto tornou-se um hábito teu. Cada vez que te cansavas de estar numa relação, cada vez que te cansavas de mim, simplesmente deixa-me sem dizer uma palavra.
Por vezes, estiveste ausente durante semanas ou meses. E eu passava todo esse tempo à espera, pacientemente, que voltasses.
Mesmo quando eu estava petrificada com a possibilidade de ser a última vez que me deixavas, no fundo eu sempre soube que voltarias. E eu estava sempre certa.
E cada vez que voltavas, amava-te ainda mais. Sempre me prometeste que ias mudar, dizendo-me que finalmente tinhas percebido o quanto me amavas e que nunca mais me deixarias.
Declaravas o teu amor eterno por mim e isso bastava para me deixar feliz e tranquila.
E eu acreditei em ti. Não acreditei em tudo isto porque pensei que era verdade - acreditei porque queria muito que fosse verdade.
E porque estes foram os únicos momentos em que senti o teu amor. Eram estes os momentos a que me agarrava sempre que te ias embora.
Dizia a mim mesma que não voltarias sempre para mim se não me amasses. E isso era a única coisa que me mantinha sã e me mantinha viva.
Passado este período de felicidade mútua, eu voltava a ter medo.
Sempre tive medo que me deixasses, porque no fundo sabia que era apenas uma questão de tempo até isso acontecer.
Estava sempre à espera que te fosses embora, embora fosse a última coisa que eu queria.
Quando penso nisso, passei a maior parte da nossa relação com medo. E esse medo paralisou-me completamente.
Por outro lado, nunca tiveste medo. Sabias que eu esperaria sempre por ti de braços abertos.
E eu tinha-te sempre de volta, como se nada tivesse acontecido. Permiti sempre que agisses como se nunca tivesses partido e retomámos sempre as coisas onde as tínhamos deixado.
Mas chegou a altura de dizer que estou farto e de vos dizer que estou farto.
Deixaste-me. Outra vez. Fizeste tudo o que estavas a fazer durante todos estes anos.
Nada mudou.
Exceto eu.
Não sei porque é que desta vez é diferente, mas o que sei é que não posso esperar mais por ti.
E eu não quero. Passei anos da minha vida à tua espera. E está na altura de eu finalmente te deixar de vez.
Estou farto de ser o teu plano de reserva, o teu último recurso e a tua rede de segurança. Estou farto de estar lá para ti quando todos os outros te viram as costas.
Estou farta de pôr a minha vida em espera, enquanto espero que ganhes juízo.
Porque agora sei que nunca vais mudar. E sei que não estou preparada para passar o resto da minha vida a viver assim.
Isto não é eu a dizer-te que tens de me escolher finalmente. Não estou a fazer-te um ultimato e não estou a pedir-te que voltes para mim se me quiseres manter.
Isto sou eu a tirar-vos as vossas opções. Isto sou eu a dizer-vos que não há nada que possam fazer mais para me fazer aceitar-te de volta.
Isto sou eu a afastar-me de ti pela primeira e última vez. E isto sou eu a nunca olhar para trás.