Oh, querida...
Como é que chegámos a este ponto? Como é que passámos do amor à tortura? Para onde é que o homem dos meus sonhos desapareceu?
Mudou ou estava apenas cansado de atuar?
Não sei a resposta a nenhuma destas perguntas. Já não sei nada, nem compreendo.
Tudo o que sei é que o que podíamos ter sido e podíamos ter tido está a matar-me por dentro e a rasgar a minha alma em duas.
Tivemos um início perfeito, uma daquelas partes introdutórias da relação que nos fazem acreditar que encontrámos o céu na terra.
Infelizmente, algures no tempo, esse céu transformou-se lentamente em inferno.
Antes que eu pudesse compreender o que estava a acontecer, o mal sobrepôs-se ao bem e tudo o que eu tinha eram memórias distantes da felicidade que já não tinha, mas que desejava que voltasse.
Eu não queria que acabássemos. E mais, fiz o impossível para que isso não acontecesse.
Tentei sempre ser melhor, fazer mais e esforçar-me mais por nós. Perdoei o imperdoável e chorei quando não estavas perto para ver.
Eu simplesmente não queria desistir de nós. Acho que, algures no fundo, ainda não desisti, mas tive de te deixar ir - ou, para ser mais exato, tu obrigaste-me a deixar-te ir.
Acho que nunca foste pronto para uma relação e quando as coisas estavam a ficar mais sérias, começaste a agir mal.
Criavas problemas onde não havia nenhum. Discutíamos por qualquer coisinha e nunca nada estava livre de drama.
No final do dia, tudo foi culpa minha.
Sabias mesmo como dar a volta à história para que ela te servisse e eu acabava por pedir desculpa por coisas que não tinha feito.
Fi-lo conscientemente, apenas para manter a paz, porque já estava farto de guerras. Estava farto de lutas mesquinhas e de mal-entendidos estúpidos.
Costumavas ficar ciumento e possessivo numa altura e, na seguinte, agias como se eu fosse invisível.
Costumavas elevar-me e encher-me de bondade e amor e, antes que eu tivesse tempo para o apreciar, mudavas e fazias o teu melhor para me deitar abaixo e fazer-me sentir inútil.
Nunca soube como agirias ou te sentirias. Nunca soube quais os dias em que estaríamos bem e quais os dias em que estaríamos mal.
E habituei-me a isso. Inconstância, drama, dor misturada com pedaços de amor eram a minha realidade. A confusão em que estava a viver tornou-se, de certa forma, normal.
Era assim que as coisas eram e sempre tive esperança de que voltasses a ser como eras.
Fiz mais do que esperar, tentei sempre mais e fiz tudo o que podia para que visses o que eu vejo, sentisses por mim o que eu sinto por ti.
Até não poder mais.
Até que me apercebi que, apesar do que sinto, não és o homem certo para mim.
O amor não devia dar tanto trabalho. O amor não deveria ser tanta dor e sofrimento.
O amor não deve ser uma questão de um lado fazer todo o esforço, enquanto o outro faz o que lhe apetece.
O amor é sobre ultrapassar as dificuldades. Nunca foi suposto ser uma grande e interminável fase difícil. Nunca foi suposto ser tão difícil.
Não acredito que estou prestes a dizer isto, apesar de tudo... Ainda gosto de ti, mas isso não significa que te queira de volta.
Depois de tudo o que me fizeste passar, continuas a ser uma parte de mim - parte dos meus pensamentos, desejos e arrependimentos.
Continuo a dar mais valor a esses pequenos momentos de alegria e de amor do que à maioria dos momentos de merda que me fizeste passar.
Acho que vai demorar muito tempo até eu me tornar indiferente... antes que pare de doer... antes que eu deixe de me preocupar contigo... antes que eu deixe de desejar que as coisas fossem diferentes...
Mas sabes que mais? Não importa quanto tempo vai demorar ou o quanto vou lutar para reconstruir a minha vida.
O que importa é que estou livre de ti, que me salvei da tua toxicidade, que já não fazes parte da minha vida.
O que importa é que finalmente sei que já não vales a pena. Tu não me mereces.