Sinto que toda a gente à minha volta espera que eu me cure de um dia para o outro. Como se houvesse uma pressão constante nas suas palavras que esperam que eu volte a sorrir como se nada tivesse acontecido.
Não posso agir como se estivesse a sentir-me bem quando claramente não estou. Sei que vou lá chegar, mas no meu próprio tempo.
Um coração partido não pode ser remendado sem mais nem menos. Não se partiu de um dia para o outro. Partiu-se gradualmente. Um pedaço de cada vez até ficar em pedaços. Agora precisa de tempo para sarar.
Por isso, estou a silenciar as vozes à minha volta que me dizem o que devo fazer. Compreendo que toda a gente tem a sua própria opinião e uma certa imagem na sua mente de como as coisas devem ser.
Sei como as coisas deviam ser diferentes. Sei que devia simplesmente deixar-me ir e continuar com a minha vida. Mas o que eu sei e o que eu sinto não são a mesma coisa.
Estou sempre a recordar os dias que partilhei com ele, os bons e os maus. O lado mau está a ganhar, obviamente. Mas, de alguma forma, é mais fácil concentrar-me no lado bom.
Acho que é isso que me está a prender e que não me permite deixá-lo ir completamente.
Estou sempre a repetir todos os cenários possíveis na minha mente. O que eu deveria ou poderia ter dito ou coisas que poderia ter feito de forma diferente, para ter chegado a um resultado diferente. Sei que é inútil, sei que devia parar, mas não consigo eu mesmo para deixar ir.
Sei que se tivéssemos um milhão de oportunidades para fazer as coisas bem, desperdiçá-las-íamos na mesma, porque nunca estivemos destinados a ficar juntos. Só preciso de tempo para que o meu coração possa processar o que a minha mente já sabe.
Já tenho dias melhores, em que raramente penso em ti. Estás algures no fundo da minha mente, mas as tuas memórias não têm controlo sobre o que quero alcançar nesses dias.
Não afectam o tempo que passo com a minha família e amigos.
Também tenho aqueles dias terríveis, em que me sinto deprimida e sem vontade de fazer nada, em que sinto que não tenho forças. Mas continuo e insisto na mesma porque não sei como desistir.
Já me tinham partido antes, mas nunca assim. Nunca de uma forma tão destrutiva.
E todas aquelas pessoas que me dizem que eu não devia ter estado com ele não estão a ajudar; só me deitam abaixo. Foi por isso que decidi ouvir-me a mim própria, ouvir o meu instinto que está a orientar o ritmo do meu processo de cura.
Vou começar devagar, dia após dia, uma luta após outra. Haverá dias em que terei sorte se conseguir levantar-me da cama e apenas respirar, mas considerarei esse tipo de dia uma vitória.
Haverá dias em que conquistarei o mundo e, nessas alturas, sentir-me-ei orgulhoso de mim próprio, por isso serei brando comigo próprio.
Vou colar, colar e manter o meu coração unido da melhor maneira que sei. Vou descobrir quem sou sem ti. Vou lutar para te deixar ir tanto quanto lutei para te fazer ficar. Vou aprender com isto, vou crescer com isto.
Eu vou deixar de ser obcecado Não vou deixar de pensar no que poderia ter sido e aceitar as coisas como elas são. Não vou deixar que a dor leve a melhor sobre mim; isso não é uma opção.
Sou melhor e mais forte do que a minha dor e do que tudo o que se interpõe no meu caminho para a felicidade, incluindo as minhas recordações de ti.
O tempo há-de passar. Levarei o tempo que for necessário para melhorar. Nunca desistirei. Um dia, vou acordar sem ti na minha mente e vou acordar pronto para dar uma oportunidade a outra pessoa.
Vou acordar livre de dores. Vou acordar curado.