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Eu nunca quis precisar de alguém, mas adoro precisar de ti

Nunca quis precisar de alguém, mas adoro precisar de ti

Acho que nunca acreditei que isto me pudesse acontecer.

Depois de todo este tempo, depois de tantos anos, que me iria apaixonar. E ser amada de volta.

Veja, Não sou um desistenteEu não desisto facilmente. Mas eu desisti do amor. I

tive o meu coração partido demasiadas vezes. Eu estava destroçada. Por isso, decidi amar-me da forma como nunca fui amada.

Decidi ser o único que alguma vez vou precisar. E decidi nunca precisar de alguém.

Senti-me tão só em tantas relações, que aprendi a bastar-me a mim própria.

O pior tipo de solidão é aquela que se sente ao lado de alguém que significa o mundo para nós. A que se sente numa sala cheia de gente.

Sente-se nu, como se todos pudessem ver a sua alma, todos pudessem ver a sua dor, mas simplesmente não se importam

. Apetece gritar, mas continuamos a afogar-nos no silêncio.

Sente os olhos de todos sobre si, mas eles vêem através de si.

Assim, aprendi a bastar-me a mim própria, a ser tudo o que sempre procurei nos outros.

Tornei-me o meu maior fã, o meu melhor amigo e amante.

Depois de tanto tempo, aprendi a amar-me e a respeitar-me de uma forma que nunca imaginei que alguém pudesse. Mas, mais uma vez, provaste que eu estava errado.

Fui quebrado tantas vezes, que aprendi a proteger-me.

O meu coração caiu e partiu-se em milhares de pedaços. Por isso, tive de encontrar uma forma de voltar a juntar todos esses pedaços, de me reconstruir a partir do zero e tornar-me no que sou agora.

Tive de encontrar uma forma de amar cada uma dessas peças, as peças que costumava odiar.

Tive de aprender a amar o meu coração mole, a minha mente dispersa e a minha alma cheia de cicatrizes. Mas, de alguma forma, amamo-los tão facilmente.

Fui tão manipulada, que quase me perdi para as pessoas erradas. Por isso, aprendi a viver sozinho.

Acreditava que me ria demasiado, que parecia gordo e que agia como um homem.

Acreditava que não era suficientemente inteligente, que não era suficientemente bonita e que não me esforçava o suficiente. Estava a perder partes de mim, acreditando que eram feias.

Demorei demasiado tempo a recuperá-los, a compreender finalmente que são exatamente o que me distingue, o que me faz ser eu.

Não sei como, mas tu percebeste isso mesmo antes de mim.

Fui tão maltratada que demorei séculos a curar-me.

Levei séculos a não tremer quando o homem se move à minha volta. Para sair à rua com a cabeça erguida, sem ter vergonha daquilo por que passei. Para abraçar as minhas cicatrizes e nódoas negraspara os encher de lágrimas e de amor, para que se curassem.

Levei séculos a aprender que nem toda a gente nos quer magoar, mas bastou-me um segundo contigo para sentir que nunca tinha sido tocada.

Nunca quis voltar a apaixonar-me, mas apaixonei-me por ti.

Como é que eu poderia voltar a apaixonar-me, depois do inferno por que passei?

Como é que eu poderia deixar alguém entrar, depois daquelas pessoas que me destruíram?

Como é que eu poderia voltar a amar, quando precisei de todo o amor que tinha para me curar e voltar a pôr-me de pé?

Agora que estou de pé, não quero estar de pé sem ti. Agora que recuperei partes de mim que tinha perdido, quero partilhá-las contigo.

Agora, depois de ter decidido que nunca mais quero precisar de ninguém, adoro precisar de ti. Adoro precisar do teu sorriso, dos teus braços à minha volta.

Gosto de precisar de ti por ti, e não pelas coisas que me podes dar, porque já aprendi a dá-las a mim própria.

Nunca quis voltar a precisar de alguém, mas adoro precisar de ti.